Alto impacto do treinamento físico pode gerar degeneração das articulações

Aos 40 anos, 90% das pessoas apresentam alguma alteração degenerativa das articulações sujeitas à carga, mesmo sem sintomas. A artrose afeta 70% da população acima de 65 anos, sendo comum nas grandes articulações como coxofemoral, joelho e tornozelo, onde ocorre a dor e a limitação de movimento.

A dor limita a locomoção do individuo refletindo negativamente na qualidade de vida e auto-estima.

A corrida, bem como a caminhada são hoje reconhecidos exercícios para manutenção da saúde e do bem estar, porém, o impacto gerado pelo exercício, principalmente nas articulações das pernas (quadris, joelhos e tornozelos) pode ser fator de prejuízo à saúde por acelerar o progresso da osteoartrose. A osteoartrose é a degeneração articular decorrente do uso potencializado pelo envelhecimento.

O exercício físico, embora fator de desgaste, é necessário para o bom funcionamento do corpo humano. Fortalece os músculos que sustentam e movem o corpo durante a vida.

Os ossos sob ação da gravidade sintetizam colágeno e fixam o cálcio, fortalecem e limpam os pulmões, fortalecem o músculo cardíaco. O desgaste gerado pelo exercício é regenerado naturalmente durante o repouso. Entretanto, a capacidade de regeneração se reduz com o avanço da idade. Tomemos por exemplo o joelho; a mobilidade entre os ossos (fêmur, tíbia e patela) ocorre sobre uma formação de cartilagem, um revestimento fibroso, liso e macio. A cartilagem é uma trama de colágeno entremeada de proteoglicanos, que retém água de modo que resultado final é uma superfície túrgica, macia e lisa. Durante o exercício, a pressão espreme a água contida no proteoglicanos, expulsando-a, podendo formar até pequenas rachaduras, na trama do colágeno.

No repouso, a natureza cicatriza as rachaduras, re-hidrata os proteoglicanos devolvendo, as propriedades originais da cartilagem. Maravilhosa a natureza. Só que, com o passar do tempo, a capacidade regenerativa é cada vez menor, e assim vamos acumulando perdas que resultam na orteoartrose. A cartilagem vai progressivamente se afinando, apresentando falha de continuidade, expondo os ossos que estão abaixo dela. Este arranjo deixa de ser de mobilidade fácil e lisa, passando a apresentar atrito e resultando em dor e inflamação.

O exercício é necessário, mas se for feito de maneira inadequada também traz conseqüências indesejáveis, como o desgaste articular das juntas expostas ao impacto. A prática da corrida da corrida ou caminhada, especialmente à medida que nos afastamos dos 30 anos deve considerar meios para reduzir o impacto. Portanto, para preservação da mobilidade e da qualidade de vida, cuidar dos excessos de impactos é fundamental.

Fonte: Dr. José Otávio Correard Teixeira